quarta-feira, 5 de julho de 2017

Amores possíveis, paixões impossíveis - Capítulo X


Gum continua com seus pensamentos, intrigado com seus sentimentos. Clara do outro lado da cidade se questiona sobre a intensidade do seu amor. Habitualmente, o amor faz ver qualidades no outro, que só o olhar amoroso identifica. A tendência é melhorar radicalmente a pessoa amada, e muitas vezes, comete-se o grave erro de moldar o outro aos próprios valores. Clara sempre achou melhor mostrar o pior de si, se a pessoa permanecesse seria brindada com o seu melhor. É da essência humana condenar tudo o que desagrada no outro, transformando-o, desconsiderando a singularidade da pessoa. 

Gum, com seu jeito autoritário, nunca havia feito críticas ferrenhas ao estilo de Clara, apesar dela ser tão diferente dele. Clara da mesma forma, sempre respeitou a falta de estilo e o jeito rústico de Gum, o que fortalecia a vitalidade do relacionamento. O amor deles não tinha qualquer pretensão de exercer opressão sobre o outro, não pedia nada, não exigia mudanças de nenhuma das partes. 
“O mar está agitado e Gum senta na praia e observa. Ele entendia como poucos os movimentos do mar. Quando olha para o lado vê uma sombra, se assusta, o coração dispara, sente um frio no estomago, é Clara. Ela senta ao lado dele e o olha com admiração.
_ Gosto de ver a sua relação com o mar. 
_ Ele me traz muitas respostas e me equilibra. – Responde Gum.
_ E qual pergunta você lançou para o mar? – Indaga Clara.
Gum sorri e respira profundamente, pensando o que dizer para Clara.
_ O que ele me disse? Disse para arriscar mais...
_ Uau! E você vai ouvir?
Gum toca suavemente na mão de Clara, retira os cabelos do rosto e beija o ombro dela. Clara olha com ternura para Gum. Os dois se olham e se procuram, Gum percorre o ombro com os lábios entre aberto, em direção ao pescoço. Clara com a respiração ofegante, move o corpo em direção ao dele, os dois se deitam lentamente na areia, o vento gélido provoca arrepios, mas o calor do desejo aquece os corpos. Ele toca os lábios dela, passando a língua lentamente. Ela recebe o toque dele, mordendo os próprios lábios impulsionada pelo desejo. Os lábios entreabertos de Clara recebem a língua de Gum, que encontra a dela e eles se beijam efusivamente 
Os dois não resistem ao desejo, a praia deserta é o cenário ideal para aquele momento de amor. Eles se entregam... A areia, os movimentos frenéticos dos corpos, os beijos... aquele homem forte e rústico, consegue ser tão amoroso e gentil nos momentos mais íntimos. 
Eles seguem para casa de Clara, Gum a pega pela cintura e a encosta na parede, beijando-a fortemente. Ela entrelaça suas pernas pela cintura dele, enquanto se beijam loucamente. Os corpos estão desejosos e sentem o calor daquela paixão ardente. O olhar de Gum é de ternura e medo, Clara tem a sensação de que ele não sabe se é capaz de proporcionar o prazer que ela espera, apesar dos outros encontros que já haviam ocorrido. Ela faz um afago nos cabelos dele, como se fosse para acalentar e o abraça fortemente. Ele à solta lentamente, Clara percebe que ele está confuso e que perdeu o desejo. Sem dizer nada, o segura pelas mãos e o leva até a sala. 
Gum está atônito, cabisbaixo e com a voz embargada. 
_ Me perdoe. – Diz ele.
_ Perdoar por quê? – Responde Clara.
_ Senti medo. 
Clara esboça uma fala e Gum interfere.
_ Senti medo de não te dar prazer, medo de não conseguir dizer o que sinto, medo de não ser capaz de viver esse sentimento. Medo, esse é o meu maior problema.
_ Meu querido, meu amor... não sofra antecipadamente. Não estou te pedindo para tomar nenhuma decisão. Entendo o seu medo, respeito o seu tempo. O que sinto por você não vai acabar assim. É algo intenso, único e mágico. Amo-te.
_ Clara, sabe que tenho vontade de gritar que também, amo-te. Mas, para assumir esse sentimento tenho tantas gavetas para arrumar, decisões para tomar.
Clara se aproxima, beija suavemente sua face, aperta suas mãos e o abraça. Gum respira profundamente, olha para ela e encosta o rosto no dela, com os olhos fechados, sente o rosto de Clara, a respiração quente que sai pelas narinas de Gum provoca pequenos arrepios, ele toca com lábios os olhos de Clara, com pequenos beijos vai perfazendo todo seu rosto, até encontrar sua boca. 
Gum beija a boca sedenta de Clara. Com os lábios molhados, o beijo suave, a respiração vai ganhando ritmo acelerado, ele encosta o corpo no dela e a leva para traz, deitando-a no sofá. Os beijos são vagarosos, as bocas se tocam e se afastam, entre um beijo e outro eles se olham como se buscassem a aprovação, estabelecendo uma cumplicidade. Ele toca os cabelos dela. Ela passa as mãos pelo tórax dele, sente o coração disparado. Gum está com corpo sobre o dela, ele passa a mão pelo seu rosto tirando o cabelo e a olha fixamente. A mão de Gum, desce lentamente pelo pescoço de Clara, enquanto a boca beija a orelha. Ele abre calmamente o primeiro botão da camisa dela, e passa o dedo pelo colo até o limite do decote. Clara crava suas mãos nas costas de Gum, e sobe arranhando suave e vagarosamente, provocando um arrepio. Os pés de Clara, sobem pelas pernas dele. Ele beija o pescoço, o colo os seios de Clara. Vai retirando a camisa dela, e a cada parte de corpo desnudo ele beija com a boca entreaberta como se a sugasse.
Ela retira a camiseta dele e sente o inconfundível cheiro de mar que ele carrega em sua pele. Gum apoia seu corpo sobre o dela, há uma troca de energia, de calor e de desejo. Ele retira o sutiã e admira os seios de Clara, tocando-os com as mãos. Gum segue percorrendo o corpo de Clara com os lábios entreabertos provocando reações. Ela beija suavemente os ombros dele e percorre com lábios o pescoço, passando pela orelha e chega até a boca. Clara, rapidamente se coloca sobre Gum, e devolve as caricias, passeia pelo corpo dele, tocando-o com as mãos e com os lábios, proporcionando-lhe prazer.
Ele delicadamente toma Clara para si, os corpos estão intimamente interligados, promovendo movimentos que começam lentos e ganham ritmo, os corpos estão colados. Clara está sobre Gum, ele pode beija-la e o faz. Agora é Gum quem está sobre Clara, e ele a olha como se olhasse uma presa, exerce seu domínio, mantendo movimentos mais rápidos e outros não. Ele procura nos olhos dela o prazer que está proporcionando ao mesmo tempo que vivencia o próprio prazer.
Gum, está decidido a mostrar que é o dominador, assim coloca seu corpo atrás do corpo de Clara, a segura fortemente pelos cabelos e a toca, beija as costas dela e a toma para si dominando-a. Novamente, ele alterna movimentos intensos e outros mais lentos, levando-a ao êxtase, ele mesmo já não consegue mais controlar seu desejo e os dois como numa perfeita simbiose, soltam gemidos de puro prazer. Gum a abraça. Ele sempre a leva para junto de seu corpo, após o ápice do desejo, algo incomum para um homem. 
Depois de um demorado banho, Clara ressurge. Ele a espera ainda de roupão, eles estão no quarto dela e conversam como não faziam há muito tempo. Ele está mais leve, o rosto menos tenso e mais disponível. Ela o ouve atentamente. Os dois, demonstram toda a sinergia que existe, são cumplices em muitas coisas. Ele busca um certo conforto nas palavras de estimulo de Clara, para vencer questões corriqueiras, que tem lhe tirado a paz. 
Depois de algum tempo decidem sair para almoçar juntos. Seguem no mesmo carro, algo diferente para eles, no caminho ele diz que foi maravilhoso tudo o que aconteceu, que está feliz e pleno e que... Gum não consegue dizer o que sente, ele tem um bloqueio, uma necessidade de fugir do sentimento. Clara ainda não conseguiu entender o motivo, mas ela está cada vez mais decidida a decifrar esse enigma. E ele parece estar cada vez mais propenso a se entregar ao sentimento que provoca tantos questionamentos”.
Uma relação amorosa é uma experiencia que exige entrega, abdicação de alguns conceitos e concessões mutuas. O amor é um ajuste do que se espera com as qualidades do outro, Clara e Gum, valorizavam tudo o que apreciavam no outro e respeitavam as diferenças, já que eram tão diferentemente idênticos. Essa disposição era fundamental para que o amor frutificasse, a intensidade do amor provoca uma síntese da qual brota um só ser, rompendo a barreira da individualidade e empoderando os entes amorosos para a construção de uma nova vida, conferindo novos significados e dissolvendo a subjetividade que aprisiona. 
O amor vai tomando forma e mudando vidas, Clara e Gum, se tornariam um só ser? Apesar de amar Gum e de valorizar os momentos de prazer com ele, Clara trazia em seu amago um emaranhado de dúvidas, tinha a certeza de que não conhecera todas as facetas dele.

Claudia Paschoal

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