quarta-feira, 2 de março de 2016

Livro: Entre o cinza e o vermelho: poder, traição e sedução

Uma noite festiva
Uma festa que se torna o assunto da semana. Uma noite regada a bom whisky e muitas negociações. Jazz e blues, comida de qualidade como foie gras, e o verdadeiro champagne. Mulheres bem vestidas circulam pelas salas da casa imponente e de alto padrão. As conversas são animadas, muitas gargalhadas. As trocas de olhares ou um aceno de cabeça podem significar muito, podem  representar muito.
Uma conversa reservada, entre dois ou três personagens, e um reposicionamento na manhã seguinte, muda o rumo de um país. As negociações são sempre feitas na calada da noite, regada de  boa bebida e  mulheres prontas para atender os desejos daqueles poderosos.
Sempre há uma troca de favores entre eles, um cede aqui e ganha logo ali na frente. As relações entre eles não são de confiança, são baseadas no que cada um pode perder se trair o outro. O jogo é pesado, uma peça movimentada fora de hora e a derrota é certa. Quem tem mais sangue frio e é mais racional tem mais chance de avançar no meio e galgar os altos cargos. Por outro lado, o segundo escalão é feito de pessoas que se submetem aos desejos e imposições dos detentores do poder.
As mulheres que circulam neste ambiente, são quase sempre, do segundo escalão. São poucas as que conseguem abrir espaço no meio, e quase sempre são as que representam as minorias, que as fazem reféns de uma causa e impedem que se  destaquem. Uma ou outra, foge do padrão, pena que não duram muito tempo na mídia.
Os grandes pensadores e analistas, em seus discursos, dizem que a realidade deve mudar, só não identificam uma personalidade capaz de mobilizar a massa para que isto aconteça. Enquanto isto, entre um whisky, uma paixão de uma noite e um aceno de cabeça, as decisões são tomadas, e interferem na vida de milhares de pessoas, que não fazem a menor ideia do que esta acontecendo enquanto elas dormem em seus lares, com suas famílias.
Muitos copos de whisky e muitas gargalhadas, até a decisão final. Ernesto precisa convencer Augusto de que o melhor é apoiar Saulo como representante do grupo político deles na negociação, que poderá abrir uma investigação, que causará problemas para muitos dos presentes naquela festa.
Augusto e Ernesto, já foram grandes amigos e parceiros de festas em alto mar, regada a muita bebida e mulheres. Só que no momento, a relação entre eles é  fria e repleta de recalques, causados por uma apunhalada proferida por Ernesto. Augusto só queria uma coisa, que todas as suas vontades fossem atendidas.  A negociação era simples, bastava o seu interlocutor aceitas suas exigências e tudo estava certo.            
Ernesto apelou para o bom senso e para algumas trocas possíveis, liberações de processos e projetos que estavam empoeirando em gavetas, diante da burocracia que emperra os serviços públicos.  Augusto resistiu e disse que tinha outro candidato. Na realidade, ele e Saulo atravessam um momento de distanciamento, em função de discordância que resultou na ausência de votos para Júlio, fazendo Augusto amargar sua primeira derrota.
Augusto decidiu apoiar  Benicio, que apesar de representar a mesma ideologia política tem uma visão menos preservacionista dos seus pares. Para Benicio, aquele que tiver problemas que os resolva. E naquele momento, este pensamento, ia de encontro com o de Augusto. Já que Ernesto parecia estar na berlinda, sendo citado numa das gravações que envolvia um de seus colaboradores.
Já é madrugada, as disputas estão acirradas, de cadeiras em comissões, as mulheres que desfilam pelos salões. Gilberto é sempre reservado e mantêm uma distância segura de problemas, sejam eles políticos ou pessoais, é uma liderança regional que está num alto cargo e que mantém uma vida familiar e profissional distinta e simples. Um homem sério, que sabe muito bem reverter uma situação desfavorável, como poucos. 
Ele apenas observa todos os movimentos enquanto circula pelos vários grupos que se formam por aquelas salas. Ele observa a todos, ouve a todos e nunca fica até muito tarde. Antes de sua saída discreta, chama Ernesto e diz o que precisa fazer e com quem falará. Ernesto nem sempre concorda, mas sempre segue as determinações de Gilberto.
A festa estava animada, depois de muitas gargalhadas e muitas discussões, Ernesto e Augusto não chegaram a um acordo. Ernesto conhece alguém que é próxima de Augusto, ele a  chama e pede sua ajuda. Ela reluta porque sabe que é muito difícil demove-lo de uma decisão já tomada. Ernesto insiste, sabe que a amizade deles incomoda Augusto e usa isto para criar uma situação desgastante e alcançar seus objetivos.

Depois das 2 horas da madrugada, as decisões importantes dão espaço a curtição. Muitas risadas, olhares insinuantes e contatos trocados e encontros marcados. Agora a festa começa...

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