terça-feira, 6 de maio de 2014

Um “doce” canalha - Parte XXXI – “Uma” canalha é pior que “um” canalha? Paixão...


O domingo corre em clima de romance na casa de campo, os três casais estão aproveitando cada momento daquele fim de semana. Os três amigos decidem ir pescar.
_ Ernesto vamos pescar?
_ Pescar? Não quero deixar a Clara e ir pescar...
_ Imagina, vamos pescar...
_ Façamos o seguinte, vocês vão pescar, nós vamos caminhar um pouco.
_ E nos encontramos para almoçar.
_ Já mandei preparar o almoço.
_ Eu sei, passei pela cozinha, fui levar uma lembrancinha para Tônia.  Ela me disse que está preparando muitas delícias.
_ Pedi para fazer tudo o que você gosta.
_ Preparem-se para comer saladas...
_ Imagina, a Tônia está preparando vários pratos. Um exagero, inclusive, porque vamos embora hoje.
_ Vamos? Achei que ficaríamos até amanhã.
_ Eu, já avisei a Rúbia que preciso voltar logo após o almoço. Tenho que estar em São Paulo amanhã cedo.
_ Volto com o Mendes, não vou deixá-lo sozinho.
_ Mesquita e Fedra, ficam até amanhã?
_ Não. Vamos no início da noite.
_ E nós ficamos, nós dois e uma noite inteira...
_ Hum! Falando assim, está decidido, voltamos amanhã cedo. Precisa ser cedo mesmo, porque tenho reuniões logo pela manhã.
Ernesto abraça Clara e a pega no colo, dizendo o quanto ela é maravilhosa. Eles se beijam.
_ Estou  muito feliz e será maravilhoso passarmos a noite juntos.
_ Com você tudo é maravilhoso...
Os três seguem para pescaria. As amigas vão fazer um passeio pelo campo. O dia está gelado, todas estão com roupas pesadas, casacos, botas e cachecol para proteger do frio. O visual é singular , montanhas, uma nevoa que cobre o campo. A casa de Ernesto fica no alto, e de lá se tem uma vista maravilhosa, do rio, da mata e  de um lago que fica de frente aos aposentos da casa. As plantas nativas formam um paisagismo harmonioso. O clima é bucólico, traz muita paz, as amigas caminham, o ar puro traz o cheiro do orvalho, ainda é cedo. Eles decidiram aproveitar o dia e todos acordaram com as galinhas, como se diz por lá. Elas confidenciam as experiências com seus novos pares. Fedra começa contando de seu romance com Mesquita.
_ Tirando a “ex-mulher problema”, tudo está ótimo. Ele adora o trabalho com o Ernesto, tem uma vida tranquila, não gosta muito de agitação.  Gosta de boa música, comidas mais encorpadas e bons vinhos. Estamos programando uma viagem, talvez Europa. E a ex vou ter que aprender a administrar. Estou retomando minha vida profissional, vou fazer o que gosto. Acredito que a felicidade chegou para ficar.
_ Fedra, me deixa muito feliz  te ouvir falando com essa calma e otimismo. É bom saber que você encontrou alguém especial e que está envolvida e  apaixonada. É muito bom se sentir assim... E você, Rùbia?
_ Tudo muito recente. Começamos ontem, praticamente. O Mendes é sedutor, inteligente, muito espontâneo e, principalmente, independente. Preciso de um homem que não me cobre muito. Gosto de ficar comigo e ter o meu tempo. Como ele mora em São Paulo, fica tudo mais fácil. Acredito que temos chance de viver um romance, agora não sei por quanto tempo.
_ A Rúbia não é romântica com nós duas, Clara.
_ Não mesmo. Ela é pragmática, olha com certo distanciamento para o que está acontecendo. Talvez, sofra menos. Eu acredito que o Mendes faça você se apaixonar, porque ele é um homem honrado, gentil e que sabe encantar.
_ Esqueci que ele foi apaixonado por você... Acho que foi, não é?
_ Foi nada. Só uma tentativa de sedução, sempre fomos amigos e continuaremos sendo.
_ E você?
_ Depois de tudo que aquele canalha me fez, estou experimentando uma nova fase, com um homem indescritivelmente amoroso, generoso, lindo, gostoso e muito sensível, que vê o outro, se preocupa, se envolve com a sua vida, com as sua necessidades. Um presente, de verdade.
_ Ainda bem, porque aquela estória da agressão é assustadora.
_ Ele fez aquilo, porque tinha outra motivação, além da discussão, dos problemas profissionais, tornando tudo muito mais grave.  Não quero detalhar, mas ele foi de uma desumanidade, crueldade e insensibilidade inimaginável. Ele é um ser abominável, rasteiro. Sabe que ele chegou a dizer que o sogro passaria por cirurgia para justificar uma viagem para praia? E mentiu, dizendo que não podia falar porque estava na casa dos sogros, tudo mentira. Então, uma pessoa que é capaz de colocar um aparentado no centro cirúrgico para justificar suas mentiras, é capaz de tudo realmente.
_ Gente, me assusta saber que existem homens como o Vitor por ai...
_ Vamos falar de coisas boas, pessoas do bem, porque não vale a pena perder tempo com uma criatura desprezível, como o Vitor...
_ Posso dizer, que estou feliz com o que está acontecendo entre mim e o Ernesto. É tudo muito recente, quero ir com calma, agora é inegável o homem que ele. Sinto-me mulher, amante, amada. Sabe aquela sensação de plenitude. O carinho, os afagos, os beijos, o fazer amor me deixam em êxtase. Estou me apaixonando, lentamente.
_ O Mesquita me falou que ele está projetando um novo negócio, e que pensa em você para administrar.
_ Ele me convidou, o problema é misturar as estações, o profissional e o pessoal, acabei de passar por um trauma, não quero viver isso novamente.
_ Só que é muito diferente, o Ernesto é um homem que honra o nome que tem, os negócios, não é um oportunista que precisa se aproximar de uma mulher para conseguir ascender profissionalmente.
_ Eu sei, mas a questão é que se o relacionamento amoroso não tiver sucesso,  o profissional ficará comprometido. E na quero correr riscos.
_ Entendo sua preocupação, agora se é um desafio, por que não tentar?
_ Combinamos de conversar sobre isso no fim de semana, provavelmente hoje a noite ele tocará no assunto. E vou pensar sobre o que fazer. Quem sabe...
_ Estou com fome, vamos voltar?
_ Fedra, você está fazendo regime? Tomamos café agora pouco...
_ Estou, preciso manter a forma.
_ Pára com isso, você está ótima.
_ Eu concordo.
_ As duas magrelas falando isso, é uma comédia.
_ Ah! Como eu adoraria ser magrela, já passei do ponto. Agora estou mais para fofinha...
_ Até parece...
As três amigas decidem voltar. Ao chegarem próximo da casa, vem certo tumulto com os colaboradores do Ernesto.
_ O que houve?
_ Dona Clara, parece que um dos amigos do seu Ernesto se feriu.
_ Como?
_ Com anzol.
_ Algo grave?
_ Parece que não muito.
_ Obrigada!
Elas entram. Mendes tinha se ferido.
_ Mendes, o que houve?
_ Muitos anos sem pescar, me feri com o anzol.
_ Nossa parece que foi fundo o corte, melhor levá-lo ao hospital.
_ Eu vou fazer isso, meu amor. Estava só colocando o agasalho.
_ Quer que eu te acompanhe?
_ Não. Fica aqui. Está tudo bem.
_ Ernesto, eu vou acompanhar o Mendes.
_ Vamos fazer o seguinte, eu vou com o Mendes e o Mesquita e vocês aguardam aqui. Ir para hospital, não é um programa agradável para um domingo.
_ Rúbia, vamos esperar aqui.
_ Não. Vou com o Mendes.
_ Então, está bem. Ficamos eu e Fedra.
_ Mesquita quer ficar com as meninas?
_ Não. Eu vou com eles e você fica.
_ O importante é levar o Mendes.
_ A Clara tem razão.
_ Eu vou com eles, você fica aqui.
Mesquita acompanha Rúbia e Mendes. Os outros ficam na casa. Duas horas depois eles voltam, Mendes terá que ficar com a perna imobilizada por três dias.
_ Nossa, não foi tão superficial assim.
_ Estou angustiado, tenho que voltar para São Paulo.
_ Mendes, relaxa. Depois você liga e desmarca os compromissos, fica aqui.
_ Não. Acho que vou para um hotel.
_ Imagina, que absurdo. Fica aqui ou se quiser pode ficar em casa, na casa do Ernesto, enfim.
_ Ele vai ficar na minha casa, só o que me faltava. Deixar meu namorado na casa de vocês.
_ Claro, desculpa Rúbia. E se precisar de ajuda, revezamos nos cuidados com ele.
_ Uma força tarefa.
_ Vou precisar mesmo, tenho reunião amanhã, que não posso desmarcar.
_ Amanhã cedo eu não posso, a tarde se precisar fico com ele.
_ Eu fico na parte da manhã. Posso deixar meus compromissos para tarde.
 _ Então, está resolvido. Fedra pela manhã e eu fico à tarde.
_ A noite posso ajudar.
_ Jantamos todos juntos em casa, o que acham.
_ Perfeito, você vai cozinhar Rúbia?
_ Não. Cozinhar não. Vamos pedir uma pizza.
_ A Rúbia quer arruinar o meu regime.
_ Por que não pensamos em algo menos calórico?
_ A Fedra vai nos colocar de regime forçado.
_ Vai mesmo, vamos pensar depois no que fazer. E vamos almoçar, por favor...
_ Apoiada. Almoço.
_ O Mendes não pode ir para mesa.
_ Almoçamos todos aqui, tem almofadões mesas de apoio...
_ Imagina, eu fico com o Mendes. A mesa está posta na varanda.
_ De forma alguma, almoçamos todos juntos.
Eles almoçam todos juntos, se divertem com as estórias de Mendes. E depois se deliciam nos doces que Tônia preparou.
_ Que tortura, Tônia! Como vou manter meu regime assim?
_ Não vai. Pode esquecer...
_ Amanhã, Ernesto, caminharemos logo cedo...
_ Vamos caminhar sim, minha querida.
_ Mendes temos que ficar atento, porque o Ernesto é todo amor com a Clara, daqui a pouco nossas namoradas vão nos cobrar se não fizermos o mesmo.
_ Desculpa, o Ernesto é único. Você devem se esforçar...
_ O Mesquita é muito especial.
_ O Mendes também...
_ Olha, Mesquita, melhor não começar, senão a terceira guerra mundial será declarada.
_ Vamos descansar que é melhor.
_ Pessoal daqui a pouco, eu e Rúbia, vamos embora.
_ Não é melhor ficarem aqui, e voltamos todos amanhã cedo?
_ Falei para ele, mas quer ir hoje. Vou tentar demovê-lo da ideia.
Todos se recolhem para descansar. Uma hora depois acordam com o barulho de uma chuva torrencial. Quando chegam à sala percebem que Rúbia e Mendes já saíram, Clara e Ernesto se preocupam. Tônia diz que eles saíram logo depois que os demais se recolheram.
_ E a chuva começou agora?
_ Não. Quando eles saíram estava chovendo, só que não tão forte.
_ Estou preocupada.
_ Eu também. Vou ligar, se saíram há tanto tempo já estão na estrada principal, e com sinal de celular.
Ernesto liga sem sucesso. Fedra e Mesquita acordam.
_ Eles saíram com essa chuva?
_ Estávamos dormindo, não vimos. Segundo a Tônia já chovia quando saíram
_ Ernesto é melhor irmos com a caminhonete atrás deles.
_ Nossa, tem algum problema com a estrada?
_ Acham que  aconteceu alguma coisa?
_ Tem um riacho que transborda com qualquer chuva, quem não conhece pode ter problemas.
_ Melhor irem atrás deles.
Eles saem. Clara e Fedra ficam ansiosas aguardando por noticias. Quase uma hora depois chegam todos, enlameados.
_ Que bom que chegaram. Estão bem?
_ Estamos. Acho que o carro do Mendes deu perda total.
_ Nossa! O que aconteceu?
_ Eles estavam próximos da ponte e muita chuva, o carro atolou e eles ficaram presos, tinha muita lama no carro.
_ Que horror, correram risco.
_ Estou tremendo de frio, nervoso e medo, com o Mendes sem poder se movimentar.
_ Não deviam ter saído com chuva, sem se despedir... Sinceramente, Mendes, podia ter evitado.
_ Vou levar uma bronca?
_ Vai. Porque não precisa passar por tudo isso. Se esperasse o Ernesto para se despedir, o que seria gentil da sua parte, saberia que não era hora para pegar estrada.
_ Clara, me desculpa! Você tem toda razão. Não devia ter feito isso.
_ Cansei de falar, ele não ouviu.
_ Seja mais dura, ele vai te ouvir. Devia ter deixado-o sozinho.
_ Não podia guiar.
_ Exatamente, ou seja, não iria.
_ Calma Fedra.
_ Desculpa! É que fiquei tensa com tudo isso.
_ Melhor irem para o banho, se acalmarem. Pedirei para a Tônia prepara alguns caldos, porque está muito frio e ficaremos aqui, então tomamos o caldo, um bom vinho.
_ Amor, pensei numa fondue, pode ser?
_ Pode. É perfeito para o frio. De qualquer forma, vou pedir um caldo, prefiro. Ficarei fora da fondue.
_ Por quê?
_ Não como muito queijo, lembra?
_ Sim. Você não está bem?
_ Estou ótima, meu querido. Só prefiro algo mais leve.
_ Como quiser, prefere caldo para todos?
_ Não. Fique tranquilo. Achei ótima a ideia.
_ Fala com a Tônia para mim?
_  Sim.
Mesquita e Mendes decidiram ajudar Mendes ir para o banho.  Rúbia se encarregou do restante. Clara conversa com Fedra.
_ Você ficou brava com a Rúbia.
_ Falei alguma mentira. Se ela não dirigisse, não sairiam.
_ Está certa. Só que pelo clima eles devem ter discutido, temos que ser mais pacientes.
_ Lá vem você, combina mesmo com o Ernesto.
_ Que bom! Fico muito feliz...
_ Você está bem? Brigou com namorado?
_ Não. Acho que é a fome.
_ Come alguma coisa, pessoa.
_ Estou fazendo regime, ou tentando, porque com fondue, será difícil...
_ Relaxa. Fim de semana no campo e regime, não combina. Fica mais tranquila, amanhã você caminha, faz uma dieta leve e ficará tudo bem.
_ Tem razão. Se continuar assim, daqui a pouco vou brigar com meu amor, sem razão.
_ Clara!
_ Oi, meu querido!
_ Você já tomou banho?
_ Não. Estou indo agora. Nem vou perguntar para você, porque é tanta lama. Está lindo assim...
_ É? Vamos para o banho.
_ É uma ordem?
_É.
_ Vamos, pedindo com tanta gentileza...
Eles riem.
_ Sabe que estou brincando. Jamais faria isso.
_ Toda brincadeira tem um pouco de verdade.
_ No caso, a única verdade  é que quero tomar banho com você.
_ Então, vamos...
Todos vão para o banho. Clara e Ernesto, decidem tomar um demorado banho de banheira. E com o frio, eles aproveitaram para namorar um pouco. Depois do banho, voltaram para sala. Rúbia estava irritada.
_ O que houve?
_ Não gostei da fala da Fedra.
_ Amiga, desculpa! Ela está certa. Vocês dois foram irresponsáveis. Não vamos estragar a noite com isso.
_ O problema é que o Mendes está irritado. Acho que nossa noite já está comprometida. Vou ver se quer ir para o quarto, é melhor.
_ Pára, vocês ficam aqui. Está tudo bem, mais leveza.
_ Vou respirar um pouco.
_ Melhor, vai dar uma volta na varanda e se acalma.

Eles preparam uma mesa no centro da sala, sobre o tapete de lã, para comerem a fondue juntos com Mendes.. Clara de um lado e Ernesto do outro, conseguem acalmar os ânimos e paz volta a reinar...

sábado, 15 de junho de 2013

SONHAR...


O sonho hipnotiza o ser, a alma, o desejo...
Um impasse neste sonho... a realidade
Pressentir o desejo de sonhar.
Venerar o sonho magnífico, soberbo.
Sonhar é a façanha do ser ardiloso,
Que intimida o desejo
Sonho estático!
Sonho poético!
Sonho vil!
Um sonho, um pranto, um encantamento
Sonho é fantasia, é infinito
No meu âmago ferve o desejo de sonhar com você... Um anônimo ser
Uma ironia do destino nos faz sonhar... Momento de angustia e solidão do sonho assombroso
O coração em evolução sonha eufórico, convicto em decifrar este sonho de amor.
Voraz a solidão procura aniquilar este sonho a dois, mas o sonho é fabuloso, mito e estimula o desejo do coração.
A mente devaneia, pulsa leviana.
O coração bate descompassado.
O sonho do desejo de dimensão desmedida transborda pelo corpo.
O sonho estimulante que domina os impulsos, a respiração, que manipula os movimentos.
O instinto diz que é sonho...
Meditar, refletir sobre o sonho
Intervir no sonho...
Criar expectativas...
Ironicamente sonhar com a ingenuidade da criança e a sabedoria do velho
Plagiar o sonho para a vida real, esta alegoria.
Sonho dócil, discreto, potente, viril
Reflexo felino, um misto desejo
Sonhar é poder infringir todas as barreiras do tempo e do espaço.
Estar eufórico ao integrar o mundo de sonho.
Conquistar este campo do prazer de sonhar com você.
No ápice deste sonho, sonhar com indecifrável
Enlouquecer como o sonho mais louco!
Teoricamente sonhar com o impossível, irreal
Simular um sonho
Concentrar o querer, o ser, o desejo no sonho infinito
Venerar o sonho
Enlouquecer e conter o sonho
Uma hipnose, uma regressão...
Sonhar com o que passou,  com cada minuto, com você...
Uma adivinhação...
Sonhar com o futuro...
Uma realidade...
Sonhar com o hoje, o agora, o real, você...
Um louco sonhador...
Sonhar, sonhar...


domingo, 7 de abril de 2013

A espera...


                  

A rua que levava a sua casa era muito tranquila  exceto pelo cantarolar dos pássaros, que alegravam a todos os passantes. A casa vermelha sempre com vida, agora estava desabitada, sem alma. Já que sua alma não estava mais naquela casa. Aquele silêncio que sempre buscou gritara em seus ouvidos, e o eco fizera sua alma vibrar.
Uma casa de dois andares, ocupada por pensamentos inquietantes, que bloqueavam a liberdade. As outras residências, conscientes das vidas que abrigavam, observam o desbotar da fachada.
O vermelho vivo agora desgastado, castigado pelo sol, já não vibrava mais como outrora. Pensou: nada tinha o mesmo brilho, nem seus olhos, nem sua vida, nem seus desejos mais secretos.
O antigo morador daquela casa vermelha era um homem vibrante, ardente, que tinha amor pela vida.  Nos cômodos sem vida, um odor de morte. A casa sempre iluminada, estava fechada, sem vida e sem cor. Os papeis espalhados por todos os lados, demonstravam que a desordem ia além do pensamento, refletia no cotidiano da casa. A casa é um reflexo do estado de espirito de seu morador, então fazia sentido o vermelho sem vida, a desordem dos papeis, as plantas sem viço. Era exatamente assim que ele se sentia, sem cor, sem vida e em desordem.

Olhou para um livro na estante, cheirava mofo. Folheou alguns e entre as páginas amareladas encontrou uma carta-desabafo, escrita por sua esposa. Minha esposa, como posso me referir a ela assim, pensou.  Acreditou que ler seria algo prazeroso, mais na verdade não conseguia deixar a primeira página, seus pensamentos o levavam para longe da estória. Pensava apenas no seu casamento desfeito e nas decepções acontecidas. Alguém já havia dito que ele estava apenas mudando a atriz principal, no entanto, o enredo era mantido, mais ele discordou, o cenário era pior, porque ele não conhecia aquela nova pessoa.

O quintal era amplo, muitas arvores haviam sido plantadas por ele. Lembrava de cada árvore que cultivava. Tinha árvores frutíferas  arbustos e muitas plantas ornamentais. O quintal estava abandonado, já não passava mais as tardes cuidando de suas plantas, fitando o por do sol de sua ampla varanda. Lembrou-se de quantas noites passará a observar a luz do luar.

O inverno havia chegado. Os dias mais curtos e longas noites, nunca haviam sido tão longas as noites de inverno. Quando saía na varanda para olhar o luar, a noite era fria, a rua escura.  As casas distantes mergulhadas nas sombras e na névoa. O céu era de azul profundo e as estrelas cintilavam, as luzes das lanternas do jardim mostravam a luz pálida. Um vento gélido envolveu-o, sentiu-se meio sem vida, um calafrio percorreu todo seu corpo.
O canto das aves noturnas ecoava e encontrava o murmurar da mata, que tocava as arvores.  O brilho da noite conduzia seus pensamentos pelas lembranças do passado e pelo medo do que o presente e o futura lhe apresentavam. Aventurando-se em imaginar o que seria sua vida dali em diante. Viu-se num mundo sombrio, sem cor, sem vida.
Pensou: _ Foi minha a escolha, desejei isso, esperei, e minha espera foi longa. Como posso ter medo do novo? Redirecionou seu pensamento... Pensou no futuro colorido, iluminado e florido, se viu na casa vermelha com sua nova amada, vivendo feliz.  Mais o medo invadia-lhe a alma, como se algo dissesse que não seria assim... Seria medo por não saber nada de sua nova amada? Ou medo de viver longe daquela com que construiu sua vida, dividiu dores e alegrias, sonhos e desejos?
Ao retornar à sua casa, a luz da cozinha estava acesa, lembrou-se de quantas vezes haviam cozinhado juntos e preparados pratos deliciosos, entre beijos e carícias ardentes. Escondeu o rosto entre suas mãos, o sentimento de solidão afligiu-lhe a alma.  Observava a noite e perscrutava a rua, que insistia em estar silenciosa. Dirigiu-se a escada, fitou a sala vazia, e decidiu ir para seu quarto. Ela não esperava por ele. Nem ela, nem ninguém. Pensou no que ela estaria fazendo naquele instante, se estaria relembrando dos momentos que haviam vivido juntos, ou se queria esquecer cada minuto.  A silhueta de seu corpo recortava-se na luz do abajur. Ela relutava sempre antes de se entregar e ele ficava contemplando-a. A lingerie estava sobre a cama, viu seu corpo vibrando, não era ela e sim seu novo amor. Fechou os olhos e se deu conta de que estava só.
Todas as manhãs, sentava-se na varanda para avistar o despontar do sol sobre o mar. Era privilegiado e sabia disso. Naquela manhã decidiu levantar a cortina apenas alguns centímetros a fim de que ninguém pudesse descobri-lo e admirou o mar de sua cama. Seu coração disparou ao ouvir a sua voz, ao vê-la surgir à porta. Achou que era sonho... Ela estava ali, seu olhar era distante e frio. Ele entendeu que a conversa seria difícil. Correu para aprontar-se e desceu, ela estava a sua espera. O olhar dele era de carinho e o dela de frieza. A conversa foi longa, difícil. Muitas cobranças, sonhos perdidos, tempo perdido, desejos e cicatrizes. As marcas seriam para sempre, no corpo e na alma. Ela tinha muitas marcas, feitas pela indiferença e mentiras dele. As marcas que ela havia deixado eram pequenas, e muitas feitas pelo remorso que ele sentia, pelas mentiras contadas. Ela se foi como chegou. Ele nunca pensou que ela seria tão silenciosa, discreta e serena. Conservava sua figura frágil.
A imagem dela naquela manhã o acompanhara mesmo nos lugares menos românticos. Naquela noite de sexta-feira, decidiu aventurar-se num outro encontro, com outra pessoa que fazia parte de sua história, alguém por quem já havia se apaixonado e se desencantado. A noite foi agradável, a conversa era sempre muito interessante, mas quando os corpos se tocaram ele percebeu que não havia espaço para mais uma. Lembrava de sua esposa e de sua amada. E ficou distante, não conseguiu dar ou sentir prazer. Desculpou-se e foi embora.
Caminhava pelas ruas iluminadas, a procura de uma resposta para seus sentimentos, suas duvidas. Se ele amara aquela nova pessoa porque teria ido até a casa de outra, que sentimento era aquele? Outrora, essa pessoa já havia feito seu corpo vibrar de desejo, e ele não conseguira amá-la. Decidiu que nunca mais estaria com ela, porque não queria sofrer novamente, todo homem sofre quando a entrega não é total.
Os ruídos da cidade convergiam num único desejo: imaginava estar no silêncio de sua casa vermelha, conduzindo sua vida, sendo dono de si. Desejou tanto essa paz, a liberdade, agora o silêncio lhe causava uma profunda dor n’alma. Certos momentos, a imagem de sua nova amada surgia no espelho, nas janelas envidraçadas. Nunca havia sido religioso, mais agora rogava para que tudo aquilo não houvesse sido em vão. 
Seus olhos encheram de lagrimas e um calor invadiu seu corpo, um sentimento transbordou-lhe o peito. Pouco preocupava-se com o futuro longínquo.  Não sabia se iria ou não ficar com ela e, se não ficasse, certamente encontraria outro alguém. Seu corpo, vibrava e decidiu que a espera chegara ao fim.
Naquela noite, foi ter com sua nova amada. Era uma noite chuvosa e a casa estava em completo silêncio. Através da vidraça, via a chuva a escorrer e sua imagem se desfigurar, lembrou da noite com sua esposa na qual não havia tido coragem para terminar tudo. Ouvia a chuva bater contra a terra, nas folhas das plantas e na piscina. Bem longe, brilhavam as luzes da cidade, que podia avistar do outro lado do mar. O amor era um sentimento capaz de fazê-lo perder o sentido, de desfalecer. Seu corpo sentiu o medo, seu coração pulsava, suas mãos estavam tremulas e frias.
Afinal, ela estava ali. Era a primeira vez que ele a levava a casa vermelha, sentia-se um traidor, porque os objetos de sua esposa ainda estavam lá. Mais precisava fazer aquilo, tinha que ter a certeza de que seria capaz de amar outra mulher. Ofereceu-lhe um vinho, ela costumava tomar destilados. Uma situação inusitada para ele. Não sabia o que responder. Preparou-lhe uma dose de Whisky.  Ela disse que adoraria conhecer toda a casa. Ele não pretendia levá-la até seus aposentos.
— E por que não? — perguntou.
Enquanto falava, ele desejava não estar ali. Não poderia porque os pertences de sua esposa estavam espalhados pelo quarto. A lingerie da última noite estava sobre os lençóis. Pensara como podia ter sido tão tolo. Nesse momento, seu telefone toca um alívio. Ela se mostrara desejosa, inclinando seu corpo na direção do dele. A luz do abajur iluminava seu corpo.
— Vamos subir — afirmou ela.
— Desculpe-me. Não posso fazer isso.
Antes daquela noite, acordava, sonhava durante todo o dia com ela.  Que loucas e eternas fantasias consumiram seus pensamentos a partir da noite que a tivera em seus braços!

Queria findar com aquela interminável espera. O trabalho, os deveres tudo que fazia era pensando nela. À noite, no quarto, durante o dia, na rua, sua imagem inundava seus olhos, sua  alma vagava pela luxuria.  Pensou se seria amor verdadeiro ou uma simples paixão, daquelas arrebatadoras que fazem um homem perdesse, e que passam como chegam. Não conseguia, ordenar seus pensamentos errantes. Mal conseguia suportar os deveres cotidianos que interpunham-se  entre ele e seu desejo.

O frio naquela manhã era implacável e seu coração estava receoso. Sentia que o mau humor imperava, estava desanimado. Não poderia vê-la naquele sábado.  Ela estava viajando e não havia chegado na hora combinada. Ainda era cedo. Ficou no sofá deitado, a música tocava e fazia-o relembrar de momentos únicos, das loucas fugas para estar com ela, como havia se arriscado.  O tic-tac do relógio estava deixando-o irritado. Devaneios.   Subiu a escada e ganhou o andar superior da casa. Os cômodos frios, desertos e escuros aumentaram a tensão. Da janela do quarto, avistou a lua que tocava o mar. Apertando a testa contra o vidro gélido, olhou para a escuridão da noite. Deve ter ficado, ali quase uma hora, vendo apenas, retida na memória, sua imagem, tocada de leve pela luz do abajur.
Ao descer, encontrou-se com a solidão e a espera implacável e interminável daquela noite fria e sombria.  Sentia que não poderia mais esperar. Começou andar pela sala.
— Talvez tivesse que desistir.
Às onze horas, ouviu o ruído do telefone. Escutou a explicação pelo atraso.  Sabia interpretar esses sinais.
Ele tinha certeza que ela já o havia feito esperar muito tempo. Na verdade ele também havia a feito esperar, durante muito tempo.  Às vezes a longa espera, provoca uma ruptura. Teria ele se enganado... Recordando com dificuldade o motivo que o fizera esperar tanto, percebeu que sua presença nem sempre despertava os sentimentos que esperava.
Deixou-se levar, estava profundamente envolvido, não podia arriscar-se, era deveras tarde demais. Embora soubesse que era uma atitude inútil, permaneceu algum tempo diante da vidraça. A chuva distorcia sua imagem, e ele não se reconhecia. Finalmente, voltou-se para si mesmo, entendeu que sua procura era pela paz interior.  E a espera era pela paz em seu coração, e isso dependia sim do amor que procurava encontrar...



Claudia Paschoal



terça-feira, 28 de junho de 2011


A PROCURA
Ele deitou-se na rede para ver o dia amanhecer, iluminando com os primeiros raios de sol, aquele lindo mar azul. Encostou a cabeça na almofada de plumas e o cheiro do mato molhado invadiu-lhe as narinas. Sentia-se apático.
Morava distante do centro urbano, meio isolado, envolto pela mata exuberante. A pessoa que morava ao seu lado, dividia com ele o mesmo teto, era tão estranha quanto alguns viandantes, que vez ou outra circulavam por ali. Um passo em sua direção, quebrando o silêncio de seus pensamentos e em seguida o canto de um pássaro, devolvendo-lhe a tranqüilidade que buscava. A casa vermelha tingia a mata, o concreto misturava-se com as árvores. Tempos atrás havia apenas a mata verde, mais tarde ele construíra sua casa vermelha, rompendo com o silêncio absoluto da mata. Era uma casa ampla, garbosa, com janelas para o mar, diferente das casas pequenas, sem cor que existiam nos arredores.
Os pescadores e caiçaras que moravam na praia costumavam reunir-se para retirar mexilhões de suas fazendas marinhas, as crianças todas descalças, numa harmonia homem-natureza, que dava certa inveja. Saíra da selva de pedra em busca de alento, de paz, mas a inquietude havia descoberto seu refúgio. Fitava as crianças das famílias caiçaras, os mais velhos já não mais brincavam, ajudavam os pais, os menores divertiam-se com as conchas dos mexilhões, com as quais inventavam carros, animais. Ele divertia-se com aquela cena. Apesar de tudo, considerava-se um privilegiado.
Seus pais moravam na selva de pedra, mas estavam bem. Ele já não sabia a quanto tempo isso acontecera, talvez há muito tempo; ele tinha mudado há dez anos. Tudo se modifica, pensou. No instante seguinte sentiu como se nada houvesse mudado, aquele desejo de viver intensamente ainda pulsara em sua alma, fazia seu corpo vibrar, seu coração disparava. Percebeu que mudara para encontrar a paz, a fleuma, mas sua alma permanecera desassossegada, pulsando, em busca da plenitude, do apogeu. Agora era o momento de decidir, sair em busca de sua felicidade ou permanecer naquela estória plagiada de um conto, que não era seu... Voltou-se para seus pensamentos, que o mantinham distante. Distante daquela pessoa estranha com quem dividia a casa vermelha.
Casa! Passou os olhos pela sala, fitou os móveis, todos continham uma estória, de sua família ou dele mesmo, comprado em uma viagem, com marcas de um romance que outrora viveu. Durante tantos anos foram testemunha de um amor, que parecia ter findado. Tocou cada objeto, talvez jamais voltaria a ver aqueles moveis, ou a estória que representavam deixaria de ser lembrada por ele, e novas estórias passariam a vivenciar. Quem sabe um novo amor, daquele capaz de tirar-lhe o fôlego, de levá-lo ao devaneio, todo amante é capaz de loucuras. Como quero viver algo intenso, pensou.
Contudo, olhando o mar através das imensas vidraças da casa vermelha, durante todos aqueles anos ele nunca se deu conta de que o amargo que as vezes sentia em sua boca, era a ânsia de ser feliz, queria estar apaixonado, insano de amor. Nunca iria saber se era capaz de provocar noutra mulher aquele sentimento, enquanto vivera ali, ao lado de uma mulher que num tempo distante, havia provocado essa paixão, no entanto, tornara-se uma amiga. Olhou as fotografias, reviveu os principais momentos de sua vida, lembrou de suas viagens pelo mundo, de seu casamento, de sua família. Pensou nos filhos que não teve. As fotos estavam amareladas, não tinham cor. As telas que pintavam as paredes da sala, agora para os seus olhos retravam flores em preto e branco, talvez isso representava muito do que estava vivendo. Decidiu ir até a varanda e certificar-se que a casa ainda era vermelha. E de repente, percebeu que o céu azul, que os primeiros raios de sol iluminara estava cinza, escuro. Pensou:
— Preciso me reencontrar, buscar a paz.
Decidira deixar a falsa estabilidade daquele casamento, em busca da felicidade. Será que estava sendo sensato? Já não era um jovem, inconseqüente, ponderou, analisou cada lado da questão. Tinha alguém que o amara, que vivia para ele, dedicara seu tempo exclusivamente para fazê-lo feliz, contudo isso o sufocara, e nada mais. Vivia cercado de conforto, muitos pobres desgraçados sentir-se-iam feliz por ter aquela comodidade. Ele não. Nada tinha tanta importância quanto sentir-se feliz É bem verdade que trabalhara muito para alcançar aquele status. O que diriam os amigos, quando soubessem que ele abandonara a casa em busca da felicidade? Que era um imaturo e aventureiro, talvez. E aquela pessoa com quem dividira tantos anos de sua vida, como iria sentir-se? Sempre tão inconstante, mas especialmente entregue a ele. Ele derramaria muitas lágrimas por deixar tudo aquilo, era como se um castelo de sonhos ruísse.
Em sua nova realidade, distante e desconhecida, tudo seria diferente. Estaria sozinho — ele. As pessoas continuariam o tratando com respeito e admiração? Não seria tratado como um inconseqüente que abandonara o lar em busca de uma aventura? Mesmo agora, que estava com mais de quarenta anos, sentia-se às vezes amea¬çado pela incerteza de seus desejos. Sabia qual era a causa daquelas inquietações. Quando era mais jovem, ele já havia pensado em deixar tudo e sair em busca de sua felicidade, ele nunca havia tido coragem, porque acreditava ou acovarda-se achando que a estabilidade daquele casamento era mais importante do que o desejo pulsante da paixão, da felicidade. E agora não havia mais motivos para temer. Os sentimentos alimentados por aquela doce estranha, era de amizade, uma certa gratidão. Seu corpo muitas vezes estava presente naquela relação mais seus pensamentos e desejos, estavam distantes. Era quase um sacrifício, buscar inspiração para manter uma relação desgastada, sem paixão.
Além do mais, a perseguição era constante, não tinha um minuto de sossego, havia as crises intermináveis, com discussões que estendiam-se noite a dentro. Toda semana, havia uma noite, às vezes, duas ou mais em que as discussões eram uma constante, aquilo o deixava exausto, exauria suas forças, mais do que qualquer outra coisa. Ele sempre se deixava manipular, entregava-se aos caprichos e imposições daquela que já nem mais era sua amada. Não conseguia impor suas vontades, seu desejo de liberdade, mesmo que respeitasse aquele casamento, precisara sentir-se livre, para alçar vôos, mesmo que controlados pela vigilância constante.
Lembrou-se de suas caminhadas matutinas com seus cães, pela mata que circundava sua casa vermelha, quase sempre invadidas pelos gritos de sua companheira, que por medo o chamara, para ter certeza de que não teria sido daquela vez, que ele a abandonara. Percebeu que nunca havia compreendido os gritos, mas naquele momento era tão evidente, o medo da distância, talvez ela soubesse que ele não mais a amava. Contudo, acabava respondendo-lhe e sabia que era um alento para ela, ouvir sua voz. Então ele cedia e voltava rápido para casa, deixando na mata seus pensamentos, sua liberdade, sua busca por si mesmo. Voltava e resmungava baixinho para seus cães o inferno que era sua vida, depois pedia perdão, porque era privilegiado e não podia reclamar da vida que vivia.
Trabalhava em sua própria empresa, para manter-se ocupado e divertir-se um pouco, era um bom motivo para estar longe de casa, mesmo que fosse sob vigilância. Dava-lhe todas as oportunidades para que ela buscasse algo que lhe desse prazer, que a fizesse feliz, mas parecia que a felicidade dela era estar presente em cada movimento que ele fizera, como se quisesse misturar-se em seu pensamento. O traba¬lho era um momento de calmaria, mas agora que estava prestes a deixar tudo para trás...
Estava prestes a começar tudo novamente, a reescrever sua estória, a explorar outra vida ao lado de outro alguém, ou talvez, por algum tempo, ao lado dele mesmo. Já existia outra pessoa, era alguém por quem havia se apaixonado. Mas percebia que certas atitudes o incomodavam, levando-o a indagar-se sobre sua escolha. Procurava pela paz, pela harmonia, queria sentir-se livre, seria ao lado de outra pessoa, em que identificara atitudes que lhe causava desconforto? Pensou na solidão que buscava na mata, e que tanto bem lhe fazia, seria ele capaz de viver só?
Percebeu que sua procura não havia terminado, mas que o primeiro, e talvez mais difícil passo, por ele havia sido dado. Concordara em abandonar aquela vida e buscar sozinho ou com outro alguém, sua felicidade. Viver uma outra estória, no mesmo cenário, mas com personagens diferentes, ele mesmo seria um novo personagem mais dono de si, não tão submisso as necessidades dos outros. Com mais certeza de seus desejos, de suas limitações e de seus sentimentos
Com que nitidez se recordava da primeira vez em que a vira! Ela era tão linda. Tudo parecia ter acontecido há apenas alguns dias: ele apaixonado esperando-a para selarem seu amor sob as bênçãos do padre, e agora tudo era tão distante. E lá estava ele, novamente apaixonado, até quando? Como seria aquele novo amor? Estaria ele fazendo a escolha certa? Antes de encerrar aquela estória já estava envolvido noutra, como se elas se misturassem, e em alguns momentos misturavam-se mesmo. Algumas comparações eram inevitáveis, seria o começo de uma nova estória, ou a continuação da mesma, apenas mudando a atriz principal?
Ele estava se sentido como um jovem inconseqüente capaz de muitas loucuras para desfrutar de alguns momentos com sua amada, mas em alguns momentos indagava-se sobre a intensidade daquele sentimento. Se percebia os defeitos que o incomodavam, estaria tão apaixonado? Quando se ama as qualidades superam os defeitos, as diferenças, então por que as via com tanta nitidez? Seria um sentimento desesperado para libertá-lo daquela relação fracassada?
A chuva caia no telhado. Olhou a vidraça e as gotas de chuva que caiam, pensou na tempestade que se formara sobre o mar. Há poucas horas o sol iluminava aquele imenso azul, agora nuvens negras, vento e chuva. Exatamente como seu coração, iluminado pelos raios da paixão, e numa tempestade de incertezas e inseguranças que o desconhecido apresentara. Ao contrário do que pensara, as pessoas notavam que estava enamorado e, sempre que ele voltava de suas escapadelas amorosas sua companheira percebia a euforia que vibrava em seu olhar. Como teria sido tolo acreditando ser possível ludibriar alguém que o conhecera tão bem. De certo a magoou incessantemente com suas mentiras previsíveis. Ele muitas vezes referia-se a ela com carinho, respeitava os anos de convivência, mesmo que não tivessem sido felizes.
Ela em tempos passados o fizera feliz, era cúmplice, parceira. E o que ele realmente sabia daquela nova pessoa, com quem estava? O quanto conhecia de sua história, como poderia ter se doado tanto, o que estava ele fazendo com sua vida? Entregando-se a alguém, sem medir as conseqüências. Ele deveria entregar-se a si mesmo. O que procurava era se encontrar. Parou, fitou-se na vidraça molhada pela chuva e viu sua imagem que se desfigurava a cada gota que escorria. Percebeu que não conseguira encontrar-se ainda, a procura continuava.
A noite chegara. O reflexo da lua sobre o mar. Um copo de vinho, a lenha queimando na lareira, velas acesas, era para ser uma noite romântica, mas ele já não mais era capaz de mentir. Às vezes, ele conseguia ser agradável.
Estava chegando a hora, mas ele continuava mergulhado na imensidão do mar, com os olhos fixos no luar, sentindo o cheiro do mato, fitando os moveis, relembrando sua estória. Lá embaixo na praia havia uma música tocando. Conhecia a canção. Estranho ouvir aquela música tocando, logo quando decidira terminar tudo. Como que para lembrá-lo da promessa que fizera defronte ao padre, sob as bênçãos da igreja. Lembrou-se da noite em que a vira pela primeira vez. Relembrou dos momentos felizes e tristes, das viagens, das comemorações, das surpresas, e mergulhou nas suas lembranças, pensamento distante, olhar a contemplar o luar.
Virou-se num sobressalto, ao ser levemente tocado. Pensou em fugir, queria que aquele momento não existisse. Fugir! Como minimizar o sofrimento que iria provocar? Daria carinho a ela, talvez, quem sabe, até a amaria. E ela queria ser amada, por ele. Por que haveria de terminar tudo? E pensou: Tenho direito à felicidade. Ele a abraçaria e a consolaria.
Lá estava ela no meio da sala ampla. Vestida para seduzi-lo e ele mergulhado no desejo único da separação. Na separação de corpos, porque para ele a separação já era uma realidade havia muitos anos. Ela acariciava seus cabelos e ele sabia que estava chegando o momento de findar com a aquela estória. Sentiu um arrepio que percorreu todo seu corpo, não era de prazer, era pavor. A lua estava linda, deixava um rastro de luz sobre o mar, ela relembrou algumas noites em que ficaram fitando o luar. Ele sentiu-se incomodado, não queria relembrar dos bons momentos, apenas das brigas e discussões, precisara de motivos para justificar sua decisão. Estava aflito, seu rosto seguramente, estava pálido, sem cor. Sentiu outro calafrio, pediu aos céus que o guiasse, mostrando o caminho a percorrer, sem que provocasse muito sofrimento.
A névoa encobriu a lua, o vento soprou e fez tilintar o sino na varanda. Se partisse, amanhã estaria nos braços de seu novo amor, livre para viver sua vida como desejava. Pensou em desistir e continuar vivendo essa estória. Pensou como falaria isso para sua nova amada, entenderia ela sua angústia? Seria possível sentir-se livre estando com outro alguém? Sentiu uma grande aflição, que chegou a provocar-lhe náuseas. Novamente pensou sobre quem era aquela nova amada, uma mulher como a sua, que viveria para ele, com atitudes que o incomodavam. Seria aquilo que sentia amor, ou uma tórrida paixão que aos poucos transformar-se-ia em dependência? Gostara ele de mulheres frágeis e dependentes, que ele pudesse controlar. Ficava a falsa sensação de controle, porque as mulheres dependentes são manipuladoras, ele sabia disso. Por que nunca quis ter ao seu lado uma mulher independente, de personalidade forte? Por que? Talvez, porque necessitava sentir-se no controle. Como faria com uma mulher que não dependesse dele, que decidisse por si, sem participá-lo de suas decisões? Não, ele não suportaria.
Seu coração disparou. Percebeu que ela o admirava. Segurou-a pela mão e disse:
- Temos que conversar.
Todos os medos do mundo invadiram sua alma. Seu coração estava descompassado, sua mente inquieta, seu corpo trêmulo. Ela estava calada, aguardando que ele falasse. Abraçou sua companheira e a convidou para mais uma taça de vinho.
Não! Era impossível fazer aquilo. Suas mãos estavam suando, estava em desespero, acreditou que não era o momento certo. Será que haveria um momento certo?
Ele ausentou-se da sala por um momento e ligou para sua amada. Do outro lado da linha uma voz eufórica. Não! Ele não havia conseguido. Ela gritara decepcionada, precisava pressioná-lo, queria que estivesse livre, precisava dele. Ele retrucou dizendo que precisara de ajuda, não poderia fazê-la sofrer, tinham uma estória juntos. Do outro lado silêncio, ela havia desligado. Uma mulher sabe como deixar um homem inseguro, e ela havia conseguido. Voltou para a sala, estava hipnotizado, não conseguira ouvir nada do que ela dizia, estava tão distante. Seu coração estava assombrado. Ela o olhava apaixonada, ele estava passivo. Seus olhos não demonstra¬vam qualquer sinal de amor, ele respirou profundamente, como se o ar fosse lhe trazer a calmaria. E decidiu que sua procura havia se findado, ele encontrará a resposta. Sabia o que queria...










domingo, 6 de março de 2011

Antagônicos

O amor, o ódio O belo e o feio
O doce sentido do fel
O príncipe virou sapo
A gentileza passou a ser indiferença
As palavras foram levadas pelo vento
Que a brisa breve soprou
A princesa virou farrapo humano
O amor farrapo esfiapado cravejado pelo ódio
Ah! O amor dissimulou, mentiu...
A máscara caiu...
E as palavras ecoam no meu pensamento, a dor do amor perdido
O ódio, meu doce companheiro
A verdade da sua mentira amarga
A doçura da sua traição
O romance perdido para outrem
O sapo virou príncipe em outro castelo
E no triste entardecer da manhã
Com o mar a molhar a luz do sol
Eu me vejo te fitando ao longe
Tão longe que seu olhar encontra o meu
E o pulsar do meu coração sente a calma da sua respiração
E a solidão de estar a li, perto e longe
Dita o fim
E o ódio, o amor
O fel doce do amor
O feio é tão belo
O sapo é um príncipe
E a indiferença do seu sentimento
Me fez ser gentil ao dizer adeus.
E você foi cruel ao pedir pra ficar
Somos antagônicos...
Dia e noite
Sol e lua
Amor e desejo versus ódio e indiferença...



domingo, 10 de outubro de 2010

Um amor eterno...

Eu estava ali pela primeira vez, me sentia meio perdida, não sabia ao certo o que fazia ali.
O fato é que já estava, decidi aguardar a cerimônia começar. De repente, olho para trás e me deparo com você, seu olhar se cruza com o meu. Meu corpo todo vibra, não sei explicar, foi uma sensação apavorante, meu coração estava disparado, minha respiração ofegante. Tentei conter aquela emoção.
Respirei profundamente, e tentei me concentrar na cerimônia, não foi fácil. Num dado momento você passa ao meu lado, senti novamente meu corpo vibrando. Seu perfume, seu olhar afetuoso. Queria saber quem era você.
No fim da cerimônia você não estava mais. Pensei que nunca mais te encontraria. Na semana seguinte, meio sem saber o porquê senti uma profunda vontade de voltar aquele lugar. Pensei e decidi voltar. Esperei por você, em vão.
Uma amiga me pediu para acompanhá-la novamente, naquela mesma cerimônia, isso já havia se passado algumas semanas. Prontamente decidi que iria. Chegamos atrasadas. Quando olhei no meio de tantas pessoas, lá estava você. Meu coração descompassado... Tentei disfarçar, você me olhou com um sorriso meigo. Fiquei rubra, o que iria pensar de mim. Por um instante, o mundo parou... A música que tocava ao fundo transformou-se na mais bela melodia. Olhamos-nos fixamente, por instantes. Minha amiga segurou em minhas mãos e indagou-me:
 - Está tudo bem? Você está pálida...
Respondi: -  Estou ótima, está tudo bem...
Sentei próximo de você. Naquele dia no final da cerimônia você tocou suavemente em meu braço e com o mesmo sorriso maroto, apresentou-se. Seu toque provocou um arrepio em meu corpo e pude perceber que você sentiu o mesmo.
Nada além, de um breve diálogo, eu estava com minha amiga, que tinha pressa e você com seu primo que também estava apressado.
Semanas se passaram...
Novamente, fui a cerimônia com minha amiga. Lá estava você... Olhamos-nos fixamente e nos cumprimentamos com um leve sorriso. Repetimos durante dois anos, esse ritual. Até que um dia... Eu estava com a mesma amiga, mais estávamos de carona, naquele dia. E você se aproximou, seu olhar era decidido, senti que algo seria diferente.
Você se aproximou, me olhou e me disse:
- Hoje quero que vá embora comigo, por favor! Quero saber mais de você, esperei o tempo que foi necessário, dois anos...
Entendi que aquele era o tempo necessário. Estávamos prontos para vivermos um grande e inesquecível amor.
Saímos juntos. Uma longa viagem, num curto trajeto.
Como se nos conhecêssemos há anos, a sintonia era total. Houve um enlace de almas. Sua voz macia, doce, seu olhar meigo. Senti-me plena...
Estávamos completamente enamorados... Como podia ter acontecido? Apenas trocamos olhares durante dois anos, e era como se estivéssemos juntos há muito tempo.
Comentei isso com você. Sua resposta me deixou mais intrigada.
-  Você não acredita em amor a primeira vista ou em almas gêmeas?
Nunca tinha pensado nisso... Mas, comecei a pensar
O envolvimento foi total, e como se fossemos almas gêmeas, sentíamos a presença do outro, conhecíamos o passo, sabíamos o estado de espírito através do alô, ao telefone.
Mais dois anos se passaram, com muito amor, carinho, amizade, compreensão, respeito, paixão e desejo. Viagens, passeios, festas, religiosidade, sempre juntos, únicos.
De repente, uma possibilidade de negócios te levou para outro país, você queria mudar. Naquele momento, eu estava com uma vida estável e tranqüila e gostava do que fazia, relutei, decidi não ir. Pensei que havia te perdido, você ficou um mês por lá. Sofri muito, fiquei sem chão.
Certo dia, estou voltando do trabalho, cabisbaixa, me deparo com você no portão da minha casa, com o mesmo olhar e um sorriso estonteante. Foi um dos momentos mais felizes da minha vida, até aquele dia.
Você desistiu de tudo para ficar comigo, amei você ainda mais...
Dois anos depois, vivemos a mesma situação. Agora você queria montar um hotel fazenda aqui no Vale do Paraíba. Eu novamente desisti. Desta vez, você não voltou.
Foi embora, me deixou. Foi morar na Inglaterra, lá ficou durante um longo e interminável ano. Não nos falamos durante esse período. Fiquei sabendo que estava lá, por uma amiga incomum. Sofri, chorei...
Numa tarde, estava trabalhando, o telefone tocou, atendi. Quando ouvi a sua voz, as lágrimas rolaram pelo meu rosto, perdi a voz.
Sua emoção era como a minha. Ouvimos a respiração do outro, por minutos. O convite era para assistir uma palestra que faria naquela noite. Aceitei.
Quando entrei, você já estava proferindo sua palestra. Quando me viu, parou imediatamente de falar, e ficou me olhando, toda a platéia voltou-se para mim. E as lágrimas rolaram, não consegui conter, nem você. Pediu um minuto. Eu me sentei e fiquei ansiosa aguardando seu retorno.
No final da palestra, nos encontramos rapidamente, todos estavam te felicitando pela volta e pela fala. Eu fui apenas mais uma. Abraçamos-nos e fui embora, era seu momento.
No dia seguinte, nos encontramos por acaso. Nosso olhar era o mesmo, apaixonado.
No entanto, em um ano muita coisa havia acontecido na minha vida e na sua. Sabia que tinha uma filha, que acabara de nascer, fruto de uma noite de vingança. Custou caro, você agora era pai.
Eu seguia minha vida, estava namorando. E ele era extremamente ciumento.
Falávamos-nos às vezes, por telefone. Víamos-nos ocasionalmente. Nunca mais falamos de nós dois.
Você se casou com a mãe de sua filha. Depois eu também me casei. E a vida seguiu seu rumo. Um dia, nos encontramos, eu estava grávida de seis meses. Você me olhou e seus olhos se encheram de lágrimas. Tocou minha barriga, e sorriu. Desejou-me felicidades, retribui.
Anos depois, fomos trabalhar juntos. Numa viagem de trabalho, conversamos sobre nós, pela primeira vez. E, concluímos que nossa intransigência fora a responsável pelo fim do nosso relacionamento, mais não do nosso amor. Ele já não era mais o mesmo amor. Vivíamos nossos casamentos, e éramos felizes, mas continuamos nos amando de uma forma diferente. Isso nunca ninguém iria mudar.
Meu casamento durou mais de uma década. E acabou. O seu também.
Ao final de tudo, o tempo...
Aquele mesmo que nos fez esperar dois anos, foi responsável pelo nosso desencontro. Numa palestra, nos cumprimentamos rapidamente, e você me pediu para procurá-lo. Disse que precisávamos conversar, tinha algo importante para me contar. E também, queria saber sobre mim.
Eu estava apressada...
Passei em frente de sua casa, várias vezes, olhei e com pressa segui. Isso foi em novembro de certo ano...
Passou o ano, novo ano... Muita correria.
Até que um dia, o telefone tocou. Era uma amiga incomum, que me perguntou:
- Você já sabe o que aconteceu?
Respondi: Não, o que houve?
Ela disse:
- Ele se foi num acidente de carro,  hoje.
Comecei a rir...
- Você está brincando comigo? Não pode ser, estive com ele outro dia... Na verdade, meses antes.
Sentei, respirei e passei meses tentando entender porque a pressa não me deixou ir até você. Hoje estou aqui escrevendo nossa estória e sinto  você aqui, perto de mim, como um anjo a me proteger.
Nosso encontro de almas segue sua estória. Eu aqui e você...
Um amor eterno, nem o tempo, nem a morte... Meu eterno...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A mulher - Ontem, Hoje e Amanhã

A mulher era a matriarca do lar, aquela que zelava por todos.
Cuidava da casa, dos filhos, da comida e sonhava.
Sonhava com o príncipe encantado, depois com o marido fiel, em completar bodas de ouro.
Nossas bisavós, avós, quando de “boa” família, contentavam-se em viver um casamento sem amor, onde o escolhido era sempre arranjado e o que importava era se o rapaz era de ”boa” família, o que significava as posses que possuía.
Talvez, elas fossem felizes assim.
Quando tinham coragem, e eram poucas que tinham, de ser mulher, de ter desejos, vontade e de lutar por sonhos, eram tidas como mulheres desavergonhadas.
A mulher de ontem era mãe, esposa, amiga, companheira, administradora do lar, sem ser mulher, amante, empreendedora.
A mulher de ontem quando jovem sonhava com o lindo cavalo branco trazendo seu príncipe encantado. Que viera de longe para pedir-lhe em casamento. E ela se casaria de véu e grinalda na igreja matriz, numa cerimônia de causar inveja a todos às moçoilas da cidade. E seriam felizes para sempre, com muitos filhos. E sonharia que suas filhas ficassem na janela e a cena repetir-se-ia, o príncipe, o cavalo branco, o casamento...
A mulher foi reescrevendo seu papel na sociedade. Uma amiga certa vez me disse:
_ Quero saber quem inventou essa estória de que mulher independente? Agora eu faço tudo que minha mãe fazia e muito mais, porque trabalho fora. E o que faço em casa, que nome tem?
De fato minha amiga, lavar, passar, arrumar a casa, cozinhar, cuidar dos filhos e do marido, é o que?
Ah! Obrigações femininas...
A mulher cumpre com suas meras obrigações e sai para TRABALHAR, em alguns poucos casos chega a ganhar mais do que o marido. Melhor não comentar...
A mulher no trabalho é mais competente, perfeccionista e capaz de assumir várias funções ao mesmo tempo. A mulher é polivalente.
A mulher de hoje está falando ao telefone, ao mesmo tempo em que faz a lista do supermercado, presta atenção nos filhos, decide que roupa vai vestir para ir ao trabalho, pensa em como iniciar aquela reunião importante, cuida da agenda.
Não esquece a ginástica, o salão de beleza, de ligar para floricultura, dos pagamentos que vai fazer na internet, de ver a lição do filho, de confirmar a aula de reike ou de filosofia, de pensar numa bela lingerie para viagem de fim de semana com seu marido ou com o namorado novo.
E ainda, liga para a amiga parabenizando-a pelo nascimento do bebê, para a outra que acabou de se separar, para outra que foi promovida. Depois fala com a mãe, com a sogra, passa na entidade em que faz trabalhos beneficentes...
Mantém-se atualizada lendo jornais e revistas semanais, estuda, lê um livro por mês, no mínimo. Faz uma alimentação balanceada, cuida da sua saúde física e mental. Tem uma espiritualidade. Mantém a chama do amor, próprio, dos filhos, do marido ou namorado e dos amigos, sempre acesa.
A mulher de hoje sonha com o príncipe encantado, mas não espera na janela. Sai a procura dele em bares, boates, festas. Mostra-se. Luta pelo que deseja e dá muito valor ao seu desejo, seu prazer. Sabe que prazer faz parte da vida da mulher tanto quanto do homem, e não aceita mais dar prazer sem receber.
O príncipe da mulher de hoje deve chegar de carro e não a cavalo. Deve saber conquistar, encantar e respeitar. Tem que ser viril e doce. Tem ser forte e gentil. Tem que ter pegada e ser romântico.
A emancipação da mulher antes de tudo trouxe outras inúmeras tarefas, que se somaram as já assumidas pelas mulheres de ontem.
O homem de ontem, hoje e amanhã deve saber respeitar e compreender esta mulher que cresce, expande seus horizontes, leva sempre seu instinto maternal, seu intuição, seu romantismo, sua sutileza, gentileza e ternura, qualidades natas na mulher, para tudo faz.
A mulher de hoje é guerreira, amiga, dedicada, dócil, enérgica, tranqüila, autoritária, serena, estimulante, apaixonante, amorosa, maternal, forte e decidida. E muito mais...
A mulher de hoje é realização e evolução como pessoa, mãe, filha, amante, amiga...
A mulher de amanhã? Bem, ela será tudo o que foi a mulher de ontem, tudo o que é a mulher de hoje e muito mais, porque a mulher sonha, deseja, conquista e realiza. A mulher de amanhã será como nossas bisavós, avós, mães, eu ou você, simplesmente, feliz. Simplesmente mulher.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Alucinação

Eu queria te encontrar...
E com loucura te abraçar, beijar, sentir, me perder em você
E no calor do seu corpo me encontrar
E com muita paixão te amar, rolar, viver, suar, gritar de prazer, de alucinação.
Ver o brilho dos teus olhos.
Descansar, me aninhar em você
E na magia da noite adormecer
E no silêncio da manhã acordar
Eu sei o quanto é bom te amar
E de repente, você chega...
Com teu olhar apaixonado
E me aninha no teu peito
E me diz pra ficar, algum tempo ou muito tempo...
Não importa...
E juntos, vivemos a mesma alucinação
O que é o amor?
Pecado, luxúria, alucinação...
Sonho, desejo, entrega...
Eu e você.