A mulher era a matriarca do lar, aquela que zelava por todos.
Cuidava da casa, dos filhos, da comida e sonhava.
Sonhava com o príncipe encantado, depois com o marido fiel, em completar bodas de ouro.
Nossas bisavós, avós, quando de “boa” família, contentavam-se em viver um casamento sem amor, onde o escolhido era sempre arranjado e o que importava era se o rapaz era de ”boa” família, o que significava as posses que possuía.
Talvez, elas fossem felizes assim.
Quando tinham coragem, e eram poucas que tinham, de ser mulher, de ter desejos, vontade e de lutar por sonhos, eram tidas como mulheres desavergonhadas.
A mulher de ontem era mãe, esposa, amiga, companheira, administradora do lar, sem ser mulher, amante, empreendedora.
A mulher de ontem quando jovem sonhava com o lindo cavalo branco trazendo seu príncipe encantado. Que viera de longe para pedir-lhe em casamento. E ela se casaria de véu e grinalda na igreja matriz, numa cerimônia de causar inveja a todos às moçoilas da cidade. E seriam felizes para sempre, com muitos filhos. E sonharia que suas filhas ficassem na janela e a cena repetir-se-ia, o príncipe, o cavalo branco, o casamento...
A mulher foi reescrevendo seu papel na sociedade. Uma amiga certa vez me disse:
_ Quero saber quem inventou essa estória de que mulher independente? Agora eu faço tudo que minha mãe fazia e muito mais, porque trabalho fora. E o que faço em casa, que nome tem?
De fato minha amiga, lavar, passar, arrumar a casa, cozinhar, cuidar dos filhos e do marido, é o que?
Ah! Obrigações femininas...
A mulher cumpre com suas meras obrigações e sai para TRABALHAR, em alguns poucos casos chega a ganhar mais do que o marido. Melhor não comentar...
A mulher no trabalho é mais competente, perfeccionista e capaz de assumir várias funções ao mesmo tempo. A mulher é polivalente.
A mulher de hoje está falando ao telefone, ao mesmo tempo em que faz a lista do supermercado, presta atenção nos filhos, decide que roupa vai vestir para ir ao trabalho, pensa em como iniciar aquela reunião importante, cuida da agenda.
Não esquece a ginástica, o salão de beleza, de ligar para floricultura, dos pagamentos que vai fazer na internet, de ver a lição do filho, de confirmar a aula de reike ou de filosofia, de pensar numa bela lingerie para viagem de fim de semana com seu marido ou com o namorado novo.
E ainda, liga para a amiga parabenizando-a pelo nascimento do bebê, para a outra que acabou de se separar, para outra que foi promovida. Depois fala com a mãe, com a sogra, passa na entidade em que faz trabalhos beneficentes...
Mantém-se atualizada lendo jornais e revistas semanais, estuda, lê um livro por mês, no mínimo. Faz uma alimentação balanceada, cuida da sua saúde física e mental. Tem uma espiritualidade. Mantém a chama do amor, próprio, dos filhos, do marido ou namorado e dos amigos, sempre acesa.
A mulher de hoje sonha com o príncipe encantado, mas não espera na janela. Sai a procura dele em bares, boates, festas. Mostra-se. Luta pelo que deseja e dá muito valor ao seu desejo, seu prazer. Sabe que prazer faz parte da vida da mulher tanto quanto do homem, e não aceita mais dar prazer sem receber.
O príncipe da mulher de hoje deve chegar de carro e não a cavalo. Deve saber conquistar, encantar e respeitar. Tem que ser viril e doce. Tem ser forte e gentil. Tem que ter pegada e ser romântico.
A emancipação da mulher antes de tudo trouxe outras inúmeras tarefas, que se somaram as já assumidas pelas mulheres de ontem.
O homem de ontem, hoje e amanhã deve saber respeitar e compreender esta mulher que cresce, expande seus horizontes, leva sempre seu instinto maternal, seu intuição, seu romantismo, sua sutileza, gentileza e ternura, qualidades natas na mulher, para tudo faz.
A mulher de hoje é guerreira, amiga, dedicada, dócil, enérgica, tranqüila, autoritária, serena, estimulante, apaixonante, amorosa, maternal, forte e decidida. E muito mais...
A mulher de hoje é realização e evolução como pessoa, mãe, filha, amante, amiga...
A mulher de amanhã? Bem, ela será tudo o que foi a mulher de ontem, tudo o que é a mulher de hoje e muito mais, porque a mulher sonha, deseja, conquista e realiza. A mulher de amanhã será como nossas bisavós, avós, mães, eu ou você, simplesmente, feliz. Simplesmente mulher.