domingo, 10 de outubro de 2010

Um amor eterno...

Eu estava ali pela primeira vez, me sentia meio perdida, não sabia ao certo o que fazia ali.
O fato é que já estava, decidi aguardar a cerimônia começar. De repente, olho para trás e me deparo com você, seu olhar se cruza com o meu. Meu corpo todo vibra, não sei explicar, foi uma sensação apavorante, meu coração estava disparado, minha respiração ofegante. Tentei conter aquela emoção.
Respirei profundamente, e tentei me concentrar na cerimônia, não foi fácil. Num dado momento você passa ao meu lado, senti novamente meu corpo vibrando. Seu perfume, seu olhar afetuoso. Queria saber quem era você.
No fim da cerimônia você não estava mais. Pensei que nunca mais te encontraria. Na semana seguinte, meio sem saber o porquê senti uma profunda vontade de voltar aquele lugar. Pensei e decidi voltar. Esperei por você, em vão.
Uma amiga me pediu para acompanhá-la novamente, naquela mesma cerimônia, isso já havia se passado algumas semanas. Prontamente decidi que iria. Chegamos atrasadas. Quando olhei no meio de tantas pessoas, lá estava você. Meu coração descompassado... Tentei disfarçar, você me olhou com um sorriso meigo. Fiquei rubra, o que iria pensar de mim. Por um instante, o mundo parou... A música que tocava ao fundo transformou-se na mais bela melodia. Olhamos-nos fixamente, por instantes. Minha amiga segurou em minhas mãos e indagou-me:
 - Está tudo bem? Você está pálida...
Respondi: -  Estou ótima, está tudo bem...
Sentei próximo de você. Naquele dia no final da cerimônia você tocou suavemente em meu braço e com o mesmo sorriso maroto, apresentou-se. Seu toque provocou um arrepio em meu corpo e pude perceber que você sentiu o mesmo.
Nada além, de um breve diálogo, eu estava com minha amiga, que tinha pressa e você com seu primo que também estava apressado.
Semanas se passaram...
Novamente, fui a cerimônia com minha amiga. Lá estava você... Olhamos-nos fixamente e nos cumprimentamos com um leve sorriso. Repetimos durante dois anos, esse ritual. Até que um dia... Eu estava com a mesma amiga, mais estávamos de carona, naquele dia. E você se aproximou, seu olhar era decidido, senti que algo seria diferente.
Você se aproximou, me olhou e me disse:
- Hoje quero que vá embora comigo, por favor! Quero saber mais de você, esperei o tempo que foi necessário, dois anos...
Entendi que aquele era o tempo necessário. Estávamos prontos para vivermos um grande e inesquecível amor.
Saímos juntos. Uma longa viagem, num curto trajeto.
Como se nos conhecêssemos há anos, a sintonia era total. Houve um enlace de almas. Sua voz macia, doce, seu olhar meigo. Senti-me plena...
Estávamos completamente enamorados... Como podia ter acontecido? Apenas trocamos olhares durante dois anos, e era como se estivéssemos juntos há muito tempo.
Comentei isso com você. Sua resposta me deixou mais intrigada.
-  Você não acredita em amor a primeira vista ou em almas gêmeas?
Nunca tinha pensado nisso... Mas, comecei a pensar
O envolvimento foi total, e como se fossemos almas gêmeas, sentíamos a presença do outro, conhecíamos o passo, sabíamos o estado de espírito através do alô, ao telefone.
Mais dois anos se passaram, com muito amor, carinho, amizade, compreensão, respeito, paixão e desejo. Viagens, passeios, festas, religiosidade, sempre juntos, únicos.
De repente, uma possibilidade de negócios te levou para outro país, você queria mudar. Naquele momento, eu estava com uma vida estável e tranqüila e gostava do que fazia, relutei, decidi não ir. Pensei que havia te perdido, você ficou um mês por lá. Sofri muito, fiquei sem chão.
Certo dia, estou voltando do trabalho, cabisbaixa, me deparo com você no portão da minha casa, com o mesmo olhar e um sorriso estonteante. Foi um dos momentos mais felizes da minha vida, até aquele dia.
Você desistiu de tudo para ficar comigo, amei você ainda mais...
Dois anos depois, vivemos a mesma situação. Agora você queria montar um hotel fazenda aqui no Vale do Paraíba. Eu novamente desisti. Desta vez, você não voltou.
Foi embora, me deixou. Foi morar na Inglaterra, lá ficou durante um longo e interminável ano. Não nos falamos durante esse período. Fiquei sabendo que estava lá, por uma amiga incomum. Sofri, chorei...
Numa tarde, estava trabalhando, o telefone tocou, atendi. Quando ouvi a sua voz, as lágrimas rolaram pelo meu rosto, perdi a voz.
Sua emoção era como a minha. Ouvimos a respiração do outro, por minutos. O convite era para assistir uma palestra que faria naquela noite. Aceitei.
Quando entrei, você já estava proferindo sua palestra. Quando me viu, parou imediatamente de falar, e ficou me olhando, toda a platéia voltou-se para mim. E as lágrimas rolaram, não consegui conter, nem você. Pediu um minuto. Eu me sentei e fiquei ansiosa aguardando seu retorno.
No final da palestra, nos encontramos rapidamente, todos estavam te felicitando pela volta e pela fala. Eu fui apenas mais uma. Abraçamos-nos e fui embora, era seu momento.
No dia seguinte, nos encontramos por acaso. Nosso olhar era o mesmo, apaixonado.
No entanto, em um ano muita coisa havia acontecido na minha vida e na sua. Sabia que tinha uma filha, que acabara de nascer, fruto de uma noite de vingança. Custou caro, você agora era pai.
Eu seguia minha vida, estava namorando. E ele era extremamente ciumento.
Falávamos-nos às vezes, por telefone. Víamos-nos ocasionalmente. Nunca mais falamos de nós dois.
Você se casou com a mãe de sua filha. Depois eu também me casei. E a vida seguiu seu rumo. Um dia, nos encontramos, eu estava grávida de seis meses. Você me olhou e seus olhos se encheram de lágrimas. Tocou minha barriga, e sorriu. Desejou-me felicidades, retribui.
Anos depois, fomos trabalhar juntos. Numa viagem de trabalho, conversamos sobre nós, pela primeira vez. E, concluímos que nossa intransigência fora a responsável pelo fim do nosso relacionamento, mais não do nosso amor. Ele já não era mais o mesmo amor. Vivíamos nossos casamentos, e éramos felizes, mas continuamos nos amando de uma forma diferente. Isso nunca ninguém iria mudar.
Meu casamento durou mais de uma década. E acabou. O seu também.
Ao final de tudo, o tempo...
Aquele mesmo que nos fez esperar dois anos, foi responsável pelo nosso desencontro. Numa palestra, nos cumprimentamos rapidamente, e você me pediu para procurá-lo. Disse que precisávamos conversar, tinha algo importante para me contar. E também, queria saber sobre mim.
Eu estava apressada...
Passei em frente de sua casa, várias vezes, olhei e com pressa segui. Isso foi em novembro de certo ano...
Passou o ano, novo ano... Muita correria.
Até que um dia, o telefone tocou. Era uma amiga incomum, que me perguntou:
- Você já sabe o que aconteceu?
Respondi: Não, o que houve?
Ela disse:
- Ele se foi num acidente de carro,  hoje.
Comecei a rir...
- Você está brincando comigo? Não pode ser, estive com ele outro dia... Na verdade, meses antes.
Sentei, respirei e passei meses tentando entender porque a pressa não me deixou ir até você. Hoje estou aqui escrevendo nossa estória e sinto  você aqui, perto de mim, como um anjo a me proteger.
Nosso encontro de almas segue sua estória. Eu aqui e você...
Um amor eterno, nem o tempo, nem a morte... Meu eterno...

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